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O escandaloso bispo de Évreux e suas andanças ecumênicas. Podemos esperar uma reação de Roma?

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O bispo de Évreux presente em "ordenações" de mulheres. Um ato que requer imediata e enérgica reação por parte de Roma.

O bispo de Évreux presente em "ordenações" de mulheres. Um ato que requer imediata e enérgica reação por parte de Roma.

(Santa Iglesia Militante) Através do sítio francês Perepiscopus nos damos com o último número do boletim da diocese de Évreux (“Eglise d’Evreux”), onde se relata as recentes andanças ecumenistas do bispo Christian Nourrichard – o mesmo bispo que perseguiu o padre Francis Michael por celebrar a Missa Tridentina, o que provocou a reação dos fiéis.

Parece que o bispo de Évreux esteve numa cerimônia junto ao “bispo” anglicano de Salisbury. Até aí, nada fora do que estamos, lamentavelmente, acostumados a ver.

O agravante? Que o “bispo” anglicano — que é quem carrega o báculo na foto — realizava uma cerimônia de “ordenação” de mulheres…

Recodermos ao sorridente Nourrichard, embora pouco lhe interesse e mais além de seus escandalosos atos ecumenistas, que a Igreja não reconhece as ordenações dos anglicanos, nem das mulheres.

* * *

O Padre Régis de Cacqueray, superior do Distrito da França da Fraternidade São Pio X, em artigo publicado pelo site oficial do distrito [La Porte Latine], declara: “não podemos deixar de manifestar a nossa profunda indignação ao considerar que reuniões cada vez mais escandalosas e comprometedoras se produzem, de fato, mesmo por aqueles que se dizem em ‘plena comunhão’ com a Sé Apostólica”. Continua o Padre: “Ora, no sábado, 3 de julho, Dom Christian Nourrichard revestiu-se das vestes corais (alva, estola, capa, mitra e cruz peitoral) [1] durante uma cerimónia presidida pelo Doutor Stancliffe, num santuário não católico. Rodeado por dois “bispos” reformados [2], também convidados, ele tomou parte na procissão [3] e num simulacro de falsas ordenações. A gravidade do escândalo encontra-se reforçada na medida em que treze mulheres, revestidas de casulas [4], recebiam-nas naquele dia. Longe de lamentar a participação da sua cabeça em uma tão consternadora paródia, a diocese de Évreux relatou os fatos em sua revista [5] sem mesmo recordar a invalidade das ordens, a impossibilidade às mulheres de aceder ao sacerdócio, nem os perigos da heresia anglicana para as almas”.

Uma mulher revestida de casula. Ao fundo, Dom Nourrichard, bispo de Évreux, ao lado do "bispo" de Salisbury.

1 - Uma mulher revestida de casula. Ao fundo, Dom Nourrichard, bispo de Évreux, ao lado do "bispo" de Salisbury.

Numa catedral anglicana, Dom Nourrichard acompanha a cerimônia ao lado de dois "bispos" protestantes (um luterano e um anglicano do Sudão).

2 - Numa catedral anglicana, Dom Nourrichard acompanha a cerimônia ao lado de dois "bispos" protestantes (um luterano e um anglicano do Sudão).

Na procissão, Dom Nourrichard precede as mulheres revestidas de estola.

3 - Na procissão, Dom Nourrichard precede as mulheres revestidas de estola.

Um grupo de homens e mulheres recebendo as ordenações inválidas.

4 - Um grupo de homens e mulheres recebendo as ordenações inválidas.



Carta de São Pio X ao bispo de Limerick sobre os escritos do Cardeal Newman.

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CARTA

Na qual o Papa [São] Pio X aprova a obra do Bispo de Limerick sobre os escritos do Cardeal Newman.


Ao Nosso Venerável Irmão Edward Thomas, Bispo de Limerick

Venerável Irmão, saúde e benção apostólica.

Pela presente informamos que Aprovamos o vosso ensaio, no qual mostrais que os escritos do Cardeal Newman, longe de estarem em desacordo com a Nossa Carta Encíclica Pascendi, estão em estreita consonância com a mesma: pois não pudestes ter servido melhor tanto a verdade quanto ao eminente mérito do homem.

Parece que aqueles cujos erros Condenamos em nossa Carta estabeleceram como regra fixa a busca de aprovação do nome de um ilustríssimo homem para as próprias coisas que eles mesmos inventaram. E assim, afirmam, livremente, que tomaram certas posições fundamentais extraídas daquela origem e fonte, e que, por essa razão, não Podemos condenar as doutrinas que lhes são próprias sem, ao mesmo tempo e ainda mais, em prioridade de ordem, condenar o ensinamento de tão eminente e grande homem.

Se não se soubesse que poder o fermento de um espírito envaidecido tem de inchar a mente, pareceria incrível a existência de pessoas que pensam e se dizem católicas, quando, em uma questão que diz respeito ao próprio fundamento da disciplina eclesiástica, colocam a autoridade de um doutor privado, embora eminente, acima do magistério da Sé Apostólica.

Vós não apenas demonstrastes plenamente a sua contumácia, mas também seus artifícios. Pois, mesmo que se detecte algo que carregue alguma semelhança a certas teses dos modernistas nos escritos de Newman anteriores a sua profissão de Fé Católica, vós justamente negais que, de qualquer maneira, tais semelhanças sejam embasadas nesses mesmos escritos; tanto porque o significado subjacente às palavras é muito diferente quanto o é o propósito do autor, sendo que ele, ao ingressar na Igreja Católica, submeteu todos os seus escritos à autoridade da própria Igreja Católica, certamente, para serem corrigidos, se necessário.

Quanto aos numerosos e importantes livros que escreveu como católico, dificilmente se faz necessário defendê-los da sugestão de parentesco com a heresia. Como todos sabem, entre o público inglês, Henry Newman, em seus escritos, defendeu incessantemente a causa da Fé Católica de tal modo que sua obra foi muito salutar para seus compatriotas, e ao mesmo tempo, elevadamente estimada por Nossos predecessores. Assim sendo, foi considerado digno de ser nomeado Cardeal por Leão XIII, indubitavelmente, um acurado juiz dos homens e das coisas; sendo, desde então e por toda sua vida, muito merecidamente estimado por ele.

Não há dúvida de que em tão grande abundância de seus trabalhos seja possível encontrar algo de alheio ao método tradicional dos teólogos, mas nada que pudesse levantar uma suspeita sobre sua fé. E vós corretamente afirmais que não é de se espantar que, se em uma época em que não se mostrava nenhum sinal da nova heresia, seu modo de expressar em alguns lugares não mostrasse um cuidado especial, mas que os modernistas agem de maneira errônea e enganadora em deturpar aquelas palavras para seu próprio significado, em oposição a todo o contexto.

Congratulamo-vos, portanto, por terdes vindicado com eminente sucesso, através do vosso conhecimento de todos os seus escritos, a memória de um homem tão bom e sábio; e ao mesmo tempo, o quanto vos era possível, por terdes assegurado que entre vosso povo, especialmente o inglês, aqueles que se acostumaram a abusar daquele nome tenham já cessado de ludibriar os ignorantes.

Eles deveriam seguir Newman, como mestre, fielmente, estudando seus livros, não ao modo daqueles que entregues aos seus próprios preconceitos buscam seus volumes, e com desonestidade deliberada extraem deles algo com o que respaldar seus pontos de vista, mas poderiam reunir seus princípios puros e inalterados, e seu exemplo, bem como seu espírito grandioso. Eles aprenderiam muitas coisas excelentes de tão grande mestre: em primeiro lugar, com relação ao sagrado Magistério da Igreja, defender a doutrina transmitida de maneira inviolada pelos Padres e, o que é de máxima importância para salvaguardar a verdade Católica, seguir e obedecer o Sucessor de São Pedro com a máxima fidelidade.

Portanto, Venerável Irmão, Agradecemos sinceramente a vós e ao vosso clero e povo por terdes vos preocupado em Nos ajudar em nossas limitadas condições, enviando o seu donativo financeiro habitual: e a fim de ganhar para todos vós, mas, primeiramente para vós mesmo, os dons da bondade de Deus, e como um testemunho de Nossa benevolência, Conferimos a Nossa benção Apostólica.

Dado em Roma, em São Pedro, em 10 março de 1908, no quinto ano de Nosso Pontificado.
Pio PP. X

Tradução: Fratres in Unum.com

Fonte: New Zealand Tablet, Volume XXXVI, Issue 19, 14 May 1908, Page 1 – Biblioteca Nacional da Nova Zelândia

Texto em latim aqui.


A trivialidade contra o sagrado na Bélgica: “Chegamos a uma fase da história em que não aceitamos que o padre tenha que ser o intermediário. Queremos nos encarregar dos batismos e da comunhão”.

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IHU – Willy Delsaert (foto) é um ferroviário aposentado com dislexia que praticou muito antes de enfrentar a paróquia católica suburbana Dom Bosco para celebrar os rituais da Missa Dominical com os quais ele cresceu.

A reportagem é de Doreen Carvajal, publicada no jornal The New York Times, 16-11-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“Quem toma este pão e come”, murmurou ele, quebrando uma hóstia com a sua esposa ao seu lado, “declara o desejo de um mundo novo”.

Com essas palavras, Delsaert, 60 anos, e seus amigos paroquianos, discretamente, estão sendo os pioneiros de um movimento de base que desafia séculos de doutrina da Igreja Católica Romana acerca do culto divino e da distribuição da comunhão sem um sacerdote.

Dom Bosco é uma das cerca de dez igrejas católicas alternativas que surgiram e cresceram nos últimos dois anos nas regiões de língua holandesa da Bélgica e da Holanda. Elas são uma reação inquietante a uma combinação de forças: uma escassez de padres, o fechamento de igrejas, a insatisfação com as nomeações do Vaticano de bispos conservadores e, mais recentemente, a consternação diante do encobrimento de abusos sexuais cometidos por padres.

As igrejas são chamadas de ecclesias, palavra derivada do verbo grego para “convocação”. Cinco delas começaram no ano passado na Holanda por católicos que se afastaram de suas paróquias existentes, e outras estão sendo planejadas, disse Franck Ploum, que ajudou a iniciar uma ecclesia em janeiro, em Breda, na Holanda, e está organizando uma conferência em rede para os grupos dos dois países.

Nestas igrejas do sudoeste de Bruxelas, os homens e mulheres são treinados como “condutores”. Eles presidem missas e os marcos da vida: casamentos e batismos, funerais e ritos finais. Os membros da Igreja assumiram-na há mais de um ano, quando o seu pároco se aposentou, sem deixar um sucessor. Na Bélgica, cerca de dois terços do clero tem mais de 55 anos, e um terço tem mais de 65 anos.

“Estamos resistindo um pouco como Gandhi“, disse Johan Veys, ex-padre casado que realiza batismos e recrutas os recém chegados para outras tarefas na paróquia de Dom Bosco. “Nossa intenção não é criticar, mas viver corretamente. Nós pressionamos quietamente, sem muito barulho. É importante ter uma comunidade onde as pessoas se sintam em casa e possam encontrar paz e inspiração”.

No entanto, eles parecem estar em rota de colisão com o Vaticano e a Igreja Católica da Bélgica. A Igreja belga foi surpreendida por um escândalo de abusos sexuais com 475 vítimas, e pela renúncia do bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, que em abril passado admitiu ter molestado um menino durante anos, que depois se descobriu ser seu sobrinho.

Na visão de Roma, apenas padres ordenados podem celebrar missa ou presidir a grande maioria dos sacramentos, como o batismo e o casamento. “Se há pessoas ou grupos que não observam essas normas, os bispos competentes – que sabem o que realmente acontece – têm que ver como intervir e explicar o que está em ordem e o que está fora de ordem, se alguém pertence à Igreja Católica” disse o Pe. Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa do Vaticano.

“Práticas inaceitáveis”

O primaz da Bélgica, o arcebispo André-Joseph Léonard, de Malines-Bruxelas, já levantou objeções aos serviços alternativos, chamando-os de “práticas inaceitáveis”. Mas se recusou a responder às perguntas, mantendo o compromisso de manter silêncio até dezembro. Ele foi envolvido em uma polêmica neste mês depois de ter criticado o julgamento civil de sacerdotes idosos por atos de pedofilia como uma “vingança” e ter descrito a Aids como “uma espécie de justiça inerente” para atos homossexuais promíscuos.

Para alguns católicos do movimento das ecclesias e acadêmicos da Universidade Católica de Louvain, Dom Léonard representa uma Igreja remota desconectada de um rebanho que anseia por rituais mais relevantes e participação ativa.

“Alguma coisa está começando a rachar”, disse o Pe. Gabriel Ringlet, ex-vice-reitor da Universidade Católica de Louvain, que está pensando em abandonar o termo “Católica” de seu nome. “Acho que a Igreja Católica belga está começando a sentir algo de excepcional, pela primeira vez em 40 anos. Muitos católicos estão acordando e se manifestando”.

Em Bruges, cidade no centro do escândalo da pedofilia da Igreja, um grupo católico alternativo chamado De Lier aborda os escândalos da Igreja em seus serviços semanais. De Lier – A Lira, em holandês – realiza cultos semanais em uma capela escolar com uma rotação de dois homens, duas mulheres e um padre. Nos serviços recentes, os membros da igreja leram trechos de um relatório de uma comissão da Igreja belga que examinou o estado das vítimas de abusos sexuais de menores. Eles manifestaram a vergonha de uma Igreja que silenciou as denúncias de abuso sexual e que usou uma linguagem advocatícia para evitar pedir desculpas.

Eles também simplificaram e personalizaram os rituais, enfatizando a importância da comunidade. Normalmente, eles se reúnem em torno de uma mesa com taças de cerâmica para o vinho e um pão redondo, e os membros são convidados a contar a história de suas alegrias e tristezas da semana anterior.

“Estamos procurando formas de viver a fé de uma forma moderna”, disse Karel Ceule, membro do Lier. “Se você olhar para a crise atual com o arcebispo Léonard, ele é um símbolo de uma Igreja velha e conservadora. Em Flandres, isso não funciona mais. Chegamos a uma fase da história em que não aceitamos que o padre tenha que ser o intermediário. Queremos nos encarregar dos batismos e da comunhão”.

Alguns bispos na Holanda e na Bélgica estiveram discretamente coletando informações sobre as Igrejas alternativas e reunindo-se com alguns dos seus membros. Pedro Rossel, porta-voz de Jozef De Kesel, o novo bispo de Bruges, disse que o prelado tinha conhecimento dos grupos, mas não os visitaria em breve. “Agora, ele tem outras prioridades. Ele tem muitos problemas com a questão dos abusos sexuais”, disse Rossel.

Enquanto isso, membros desses grupos dizem que não guardam segredo do que estão fazendo, especialmente se acontecerem mudanças por causa da falta de padres. “Se você perguntar para a diocese oficialmente sobre isso, eles vão lhe dizer que você não pode fazer isso”, disse Bart Vanvolsem, membro da paróquia Dom Bosco. “Eles dizem que se não há padre, não há missa. Mas Cristo está aqui”.

Nos estágios iniciais da Dom Bosco, algumas pessoas reclamaram que os serviços demoravam muito. Outros se incomodavam com a intimidade da reunião ao redor de uma longa mesa de madeira. Alguns membros não queriam liderar um culto. “Eu ainda sou muito tradicional para fazer isso”, disse Barbara Birkhölzer-Klein. “O que está acontecendo aqui é totalmente natural, mas eu ainda não posso fazer isso”.

Delsaert não tinha esses receios. Ele vestia uma estola com as cores do arco-íris e trazia suas anotações. “É a segunda vez”, disse ele. “Para mim, é muito intenso. Ler é muito difícil para mim, porque eu tenho dislexia”.

Quase 150 pessoas se reuniram ao seu redor para um encontro organizado por membros adolescentes que escolheram o tema da paz e da música de John Lennon e de Paul McCartney.

Delsaert fez um sermão simples que remontou aos seus anos como ferroviário, exortando os paroquianos a promover a paz, conversando com as pessoas em suas vidas diárias. Ao dizer “oi” para um usuário diário dos trens, disse Delsaert, “esse homem se abriu para conversar sobre os atrasos dos trens”. “Ele parecia muito mais feliz”, contou.

Durante o serviço, os adolescentes ficaram ao redor da mesa, enquanto uma declaração paroquial foi lida em voz alta: “Lamentamos a dor causada pelos padres e pelos responsáveis da Igreja. Lamentamos os danos às vítimas, à comunidade e à nossa Igreja”.

Depois, uma moça acendeu uma vela com as cores do arco-íris no centro da mesa. A trêmula chama foi acesa em memória às 475 vítimas belgas de abuso sexual.


Foto da semana.

O laboratório litúrgico de Ione Buyst.

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Tendo em vista a ampla divulgação e distribuição das obras da referida “especialista litúrgica” por uma das principais livrarias ditas católicas do nosso país, publicamos abaixo trechos do livro “A Missa – Memória de Jesus no Coração da Vida” (São Paulo: Paulinas, 2004), de autoria de Ivone Buist.

Fonte: Salvem a Liturgia

“Da teologia medieval herdamos a insistência da presença real de Jesus na Eucaristia. Era uma época em que o padre ficava de costas para o povo, fazia a oração eucarística em latim e em silêncio.”

 ”A eucaristia acabou sendo entendida como uma coisa sagrada, algo para se ver e adorar.”

“O Concílio Vaticano II quis reatar com a teologia dos primeiros séculos, e reencontrou a dimensão pascal da eucaristia. Diz que o Cristo Ressuscitado está realmente presente em todos os momentos da missa (e não somente na chamada “consagração”).Recoloca a oração eucarística como sendo toda ela de ação de graças, oblação, consagração… e manda proclamá-la em voz alta e na língua do povo. Diz que não há missa sem comunhão eucarística. Insiste em que todo o povo coma e beba do pão e do vinho, como participação na morte-ressurreição do Senhor. Não se pode ficar só olhando e adorando a hóstia. A eucaristia volta a ser entendida como ação, para se fazer o que Jesus fez; dar graças, partir e repartir, comer e beber.

Essas duas linhas teológicas misturam-se dentro da missa e complicam nossa maneira de celebrar o momento da narrativa da instituição. A primeira nos manda ajoelhar, olhar para a hóstia, abaixar a cabeça, adorar em silêncio, prestar atenção toda especial a esse momento da celebração. Requer uma profunda devoção individual.

Algumas das obras de Ione Buist, OSB. Pelos títulos e fotos, já se pode imaginar o seu conteúdo.

Algumas das obras de Ione Buist. Pelos títulos e fotos, já se pode imaginar o seu conteúdo.

A segunda nos ensina a ficar de pé (sinal de ressurreição) de preferência ao redor da mesa, olhar para a mesa onde estão o pão e o vinho, ouvir atentamente e acolher as palavras de Jesus na última ceia (que o presidente lembra, falando com o Pai), aclamar juntos (cantando “Anunciamos, Senhor, a vossa morte…”) e continuar prestando a mesma atenção às partes seguintes, que são tão importantes quanto à narrativa da instituição. Requer uma participação comunitária, ativa e consciente, de todo o povo sacerdotal, na ação eucarística, pascal, feito por Cristo Ressuscitado.”

“Na prática, é difícil romper com séculos de devocionismo eucarístico e suas expressões características da missa. Quem sabe possamos aprofundar a nova teologia da eucaristia em pequenos grupos e comunidades, e aí encontrar uma maneira diferente de celebrar?” (p. 120-122)

Alguns endereços úteis para denúncia:

SEGRETERIA DI STATO DELLA SANTA SEDE

Eminência Reverendíssima Dom Tarcisio Cardeal Bertone
Palazzo Apostolico Vaticano
00120 Città Del Vaticano – ROMA
Tel. 06.6988-3438 Fax: 06.6988-5088
1ª Seção Tel. 06.6988-3014
2ª Seção Tel. 06.6988-5364
e-mail: vati026@relstat-segstat.va; vati023@genaff-segstat.va ; vati032@relstat-segstat.va

CONGREGAZIONE PER LA DOTTRINA DELLA FEDE
Eminência Reverendíssima Dom William J. Levada, Prefeito desta egrégia Congregação,
Palazzo del Sant’Uffizio, 00120 Città del Vaticano
E-mail: cdf@cfaith.va – Tel. 06.6988-3438 Fax: 06.6988-5088

CONGREGAZIONE PER IL CULTO DIVINO E LA DISCIPLINA DEI SACRAMENTI
Eminência Reverendíssima Dom Antonio Cardeal Cañizares Llovera, Prefeito desta egrégia Congregação,
Palazzo delle Congregazioni
Piazza Pio XII, 10
00120 CITTÀ DEL VATICANO – Santa Sede – Tel. 06-6988-4316 Fax: 06-6969-3499
e-mail: cultidiv@ccdds.va; vpr-sacramenti@ccdds.va

CONGREGAÇÃO PARA O CLERO

Palazzo delle Congregazioni, 00193 ROMA, Piazza Pio XII, 3 – tel: (003906) 69884151, fax: (003906) 69884845, Email: clero@cclergy.va

Cardeal Serafim Fernandes de Araújo – ARCEBISPO EMÉRITO DE BELO HORIZONTE
domserafim@fjfa.org.br

NUNCIATURA APOSTÓLICA – DOM LORENZO BALDISSERI
Av. das Nações, Quadra 801 Lt. 01/ Cep 70401-900 Brasília – DF
Cx. Postal 0153 Cep 70359-916 Brasília – DF
Fones: (61) 3223 – 0794 ou 3223-0916
Fax: (61) 3224 – 9365
E-mail: nunapost@solar.com.br


O reinado social de Jesus Cristo achincalhado por um Padre do Opus Dei.

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“O Estado é totalmente incompetente — a laicidade inclui isso, não? — para afirmar se Deus existe ou não; nunca isso será objeto de uma afirmação legal”, afirmou o sacerdote do Opus Dei Rafael José Stanziona de Moraes.

A Igreja Católica, por sua vez, ensina na Constituição Dogmática Dei Filius, do Concílio Vaticano I:

A própria Santa Madre Igreja sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza à luz natural da razão humana a partir das coisas criadas: ‘porque, desde a criação do mundo, as Suas perfeições invisíveis, postas por Suas obras à consideração da inteligência, se tornam visíveis’ (Rm 1, 20).” (Dei Filius)

Se alguém disser que o único e verdadeiro Deus, Criador e Senhor nosso, não pode ser conhecido com certeza por meio das coisas criadas, à luz natural da razão humana – seja anátema.”

“Se alguém disser que não é possível ou não é conveniente que o homem seja instruído, por meio da Revelação divina, sobre Deus e sobre o culto que se Lhe deve tributar – seja anátema”.

Ensina também o Papa Leão XIII (o tão incensado atualmente “Papa da doutrina social da Igreja”, mas de magistério esquecido) em sua carta encíclica Immortale Dei:

[E]vidente é que ela [sociedade] deve, sem falhar, cumprir por um culto público os numerosos e importantes deveres que a unem a Deus. Se a natureza e a razão impõem a cada um a obrigação de honrar a Deus com um culto santo e sagrado, porque nós dependemos do poder dele e porque, saídos dele, a Ele devemos tornar, à mesma lei adstringem a sociedade civil. Realmente, unidos pelos laços de uma sociedade comum, os homens não dependem menos de Deus do que tomados isoladamente; tanto, pelo menos, quanto o indivíduo, deve a sociedade dar graças a Deus, de quem recebe a existência, a conservação e a multidão incontável dos seus bens. É por isso que, do mesmo modo que a ninguém é lícito descurar seus deveres para com Deus, e que o maior de todos os deveres é abraçar de espírito e de coração a religião, não aquela que cada um prefere, mas aquela que Deus prescreveu e que provas certas e indubitáveis estabelecem como a única verdadeira entre todas, assim também as sociedades não podem sem crime comportar-se como se Deus absolutamente não existisse, ou prescindir da religião como estranha e inútil, ou admitir uma indiferentemente, segundo seu beneplácito. Honrando a Divindade, devem elas seguir estritamente as regras e o modo segundo os quais o próprio Deus declarou querer ser honrado. Devem, pois, os chefes de Estado ter por santo o nome de Deus e colocar no número dos seus principais deveres favorecer a religião, protegê-la com a sua benevolência, cobri-la com a autoridade tutelar das leis, e nada estatuírem ou decidirem que seja contrário à integridade dela.


A atitude pessoal de São Pio X para com os modernistas.

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Na festa de São Pio X, pedimos a intercessão de tão insígne Pontífice para que imitemos o seu exemplo de caridade e zelo.

Desde sua primeira encíclica, Pio X urgia por caridade mesmo para com “aqueles que se nos opõe e persegue, vistos, talvez, como piores do que realmente são”. Esta caridade não era um sinal de fraqueza, mas estava fundamentada na esperança: “a esperança”, escreveu o Papa, “de que a chama da caridade Cristã, paciente e afável, dissipará as trevas de suas almas e trará a luz e a paz de Deus”.

Pio X também tinha sua esperança – de ver os adversários da Igreja emendando seus caminhos e renunciando seus erros – no que diz respeito aos modernistas.

Os testemunhos que citaremos o provarão de maneira incontestável. Mas Pio X fez mais: discretamente  deu assistência financeira a alguns deles ou lhes arranjou outros ofícios; em outros casos, mostrou-se prudente antes de condená-los. Era esta generosidade, nada excepcional, incompatível com sua determinação na luta contra o modernismo? Como pode o mesmo homem que impõe sanções, depõe clérigos, excomunga, simultaneamente mostrar-se caridoso e contido? Durante o processo de beatificação, o Promotor da Fé apresentou uma série de objeções; uma delas era: “Sejamos francos: a questão, a única questão que, a meu ver, parece se levantar neste grande inquérito, é saber se Pio X, em sua luta contra o modernismo, ultrapassou as fronteiras da prudência e da justiça, particularmente em seus últimos anos…” [Novae Animadversiones, citado em Conduite de s. Pie X, p. 14] A isso, o Postulador da Causa respondeu com um volumoso dossiê de mais de 300 páginas no qual mostrava que Pio X era “firme em seus princípios, correto em suas intenções e paciente e afável com aqueles com quem lidava, mesmo se tivesse razões justas para expressar sua angústia por causa deles”. [Ibid., p. 20]

Voltamo-nos a esta questão da atitude pessoal de Pio X para com os modernistas e citaremos vários casos. Os contemporâneos de Pio X talvez desconhecessem esses gestos de caridade e justiça da parte do Pontífice. No dia seguinte à morte do Papa, Mons. Mignot, que era próximo dos modernistas, repreendeu o falecido nos seguintes termos: “Pio X era um santo, com um desinteresse raro para um italiano, mas suas idéias absolutas paralisavam seu coração… Ele esmagou muitas almas, a quem um pouco de ternura teria mantido no caminho correto”. [Carta de Mons. Mignot a Hügel, 9 de setembro de 1914, citado por Poulat, Histoire, dogma et critique, p. 480] Os historiadores do modernismo não mencionam os gestos de caridade ou justiça de Pio X, ou o fazem apenas de passagem. O número e a consistência destes atos mostram, todavia, que não foram resultados de decisões excepcionais de sua parte, mas manifestavam uma disposição intelectual e uma atitude espiritual. Na luta contra o fenômeno do modernismo, todos os métodos eram usados, e sem piedade, pois Pio X considerava que a fé dos fiéis estava em perigo e que o futuro da Igreja estava em jogo; por outro lado, quando se tratava da sorte dos modernistas, Pio X, sabendo-o, fazia grande esforço para ser o mais justo, prudente e caridoso possível.

Um exame das relações de Pio X com Loisy, o mais famoso dos modernistas, dá-nos uma boa idéia de seus profundos sentimentos. Como já vimos, quando Loisy manifestou sua disposição de se submeter, Pio X exigia, insistia que o exegeta francês devesse fazer uma completa e sincera submissão “com seu coração”. Loisy, que persistiu em seus erros após a Pascendi, acabou excomungado. Viveu em retiro em Ceffonds, Haute-Marne, e logo seria eleito para o Collège de France. No entanto, Pio X não o via como um filho perdido da Igreja. Em 1908, recebendo o novo bispo de Châlons, Dom Sevin, Pio X recomendou-lhe Loisy (a quem ele havia excomungado há pouco tempo). As palavras do Papa foram relatadas pelo próprio Loisy: “O senhor será o bispo do Pe. Loisy. Se tiver a oportunidade, trate-o com gentileza; e se ele der um passo em sua direção, dê dois na direção dele”. [Loisy, Mémoires, vol. III, p. 27. Pe. Lagrange dá outra versão destas palavras, versão que ouviu da boca de Dom Sevin; quando o bispo de Châlons perguntara ao Papa que atitude deveria adotar com relação a Loisy se este demonstrasse arrependimento, o Papa respondeu: Recebei-o de braços abertos. Digo ao senhor que ele, meu filho, irá voltar” (Lagrange, M. Loisy et le modernisme, p. 138)]

Outro caso é o do Pe. Murri. Como veremos, a Liga Nacional Democrática que fundara foi condenada pelo Papa. Ele tinha conhecidos laços com modernistas. Em abril de 1907, no despertar de uma série de artigos nos quais Murri amargamente criticava a política do Vaticano na França, Pio X enviou uma carta ao bispo da diocese deste líder democrático, instruindo-o a informar a este último que estava suspenso a divinis. Quando, alguns meses depois, a Encíclica Pascendi estava prestes a ser publicada, havia uma certa expectativa de que Murri fosse imediatamente excomungado, dado que estava absolutamente claro que o turbulento líder democrata cristão se oporia à Encíclica. O problema foi colocado a Pio X, que preferiu ser paciente. Em 25 de agosto de 1907, escreveu à Congregação do Santo Ofício: “Se tudo estiver em ordem com o celebret do Pe. Romolo Murri, ele não pode, sem grave injustiça, ser proibido de rezar Missa, na medida em que não realizou qualquer ato condenado pela Encíclica”. [Citado por Dal-Gal, Pie X, p. 404] Murri, contudo, persistiu publicamente em suas posições e foi, ao fim, excomungado em 1909. Posteriormente, ele experimentou graves dificuldades financeiras; Pio X soube disso e pagou-lhe uma pensão mensal.[Depoimento do Cardeal Merry del Val, Summarium, p. 195]

[…]

Pio X tinha de levar muitas coisas em consideração: a salvaguarda da fé e do bem da Igreja, a necessidade e a legitimidade de estudos em matérias de religião, o bem pessoal e a boa fé das pessoas envolvidas, assim como as manobras, as ambições e o zelo das partes. Enquanto Papa, seu dever eram aqueles primeiros; como cristão, estava obrigado a seguir a caridade, prudência e justiça. [...] Pio X sentia como seu dever, enquanto guardião da fé, combater o modernismo, e fazê-lo usando os mais variados métodos e sem fraqueza, pois, como via, a própria existência da Igreja estava ameaçada. Ao mesmo tempo, sem fazer qualquer concessão ao erro, esforçava-se por ajudar os culpados ou suspeitos, e tomava grande cuidado em limitar os excessos dos anti-modernistas. Uma de suas máximas favoritas era: “devemos combater o erro sem ferir as pessoas envolvidas”.

Saint Pius X, Restorer of the Church – Yves Chiron, Angelus Press, 2002, pp. 236-237;241-242. Tradução: Fratres in Unum.com.


O inferno modernista de Dom Redovino Rizzardo.

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Será que ficaram no passado os tempos em que os bispos citavam o Catecismo e protegiam seus rebanhos de idéias heréticas?…

Dom Redovino Rizzardo.

Dom Redovino Rizzardo.

É essa a pergunta que nos veio à mente quando lemos artigo de D. Redovino Rizzardo, abaixo publicado.

No artigo, ocupa-se de um tema bastante fora de moda nos ambões paroquiais: nada mais, nada menos que do inferno!

Inferno?! Sim, inferno.

Mas não o inferno dos Evangelhos, nos quais Nosso Senhor disse que “haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13,50); não aquele, ao qual os ímpios “irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna” (Mt 25,46).

O inferno de D. Redovino é mais light: todo mundo vai pra lá! Ué?!, ele também? Por supuesto!

De fato, ele importa essa doutrina curiosa – para dizer pouco! – da Espanha, de um filósofo metido a teólogo venerado pelos TLs do Brasil, Andrés Torres Queiruga.

Aliás, Queiruga causa divisões até no episcopado: enquanto é censurado pelo bispo de Bilbao (Espanha), D. Mario Iceta, é difundido pelo bispo de Dourados (MS-Brasil), D. Redovino. Ué?!, mas onde está a tal da colegialidade episcopal? Com que parte do colégio ficamos agora?! Socorro, Vaticano II!

Mas…, voltemos ao “inferno”, quer dizer, ao tema em questão…

Para Queiruga e para D. Redovino, o inferno seria a expiração de todas as nossas falências e a consagração da impotência de Deus diante da liberdade humana. Desse modo, uma parte de nós, a parte boa, cultivada no bem, será eternamente bem-aventurada; e uma outra parte de nós, a parte má, será eternamente falida, ou seja, condenada, aniquilada. Em outras palavras, todo mundo vai pro céu e pro inferno ao mesmo tempo, porque o que iria para o céu ou para o inferno não seria o “eu” integral da pessoa, mas apenas uma parcela dela que seria salva ou destruída, plenificada ou extinguida… afinal de contas, nem todo mundo é tão ruim assim, né?! Hitler que o diga!

Porém, Queiruga e seu divulgador brasileiro, D. Redovino, descuidam de um elemento importante nesse raciocínio: quem rouba é ladrão, quem mente é mentiroso, quem nega a fé é herege… Não é que nossas ações afetam apenas uma parte do nosso caráter. Quem peca se corrompe e, se não se arrepende, se converte e se confessa, pode ir para o inferno. É simples assim.

É isso o que ensina o Evangelho e a Igreja: “o ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, ‘o fogo eterno’. A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1035).

Claro, D. Redovino é “prudente”. Para não ser acusado da autoria dessas idéias, apenas alude às próprias de Queiruga. Mas…, quem difunde um erro sem condená-lo, antes, divulgando-o, torna-se cúmplice.

Bom…, mas D. Redovino não tem nada a temer pois, certamente, essas idéias não corrompem-no inteiramente. Para ele, se estas forem más, apenas elas irão para o inferno.

Agradecemos a um caro amigo pela redação desta introdução.

* * *

Um inferno diferente?

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados – MS

«Pouco se fala do inferno. Ainda bem, pois muitos estragos já se fizeram. Desde cedo, apelou-se ao medo, quase sempre com boa intenção; mas a própria sabedoria popular sabe, há muito tempo, que ele é mau conselheiro e que a pastoral do medo conduz necessariamente ao fracasso. De qualquer modo, no entanto, calar sem mais nem menos não é sadio. O nome continua aí; e onde está o nome, rápido pode-se evocar o fantasma e, com o fantasma, a confusão e o terror».

É com essas palavras que o teólogo espanhol Andrés Torres Queiruga apresenta o seu livro: “O queremos dizer quando dizemos inferno”, publicado no Brasil, em 1997.

Antes de tudo – afirma Queiruga –, é preciso esclarecer o caráter metafórico da linguagem bíblica sobre as realidades do “além” e, mais concretamente, sobre o inferno. Algo elementar que, felizmente, adquiriu evidência pública, mas sobre o qual convém insistir, pois são muitos os que recordam com horror as descrições literais dos tormentos dos condenados, imersos em caldeirões, com fogo, enxofre e diabos por todos os lados.

Em seguida, ele faz uma pergunta: é possível conciliar o inferno com a imagem de Deus revelada por Jesus? Um Pai que cria por amor e só pensa em nossa salvação; que perdoa a todos de maneira incondicional e está interessado unicamente na vida do pecador; que não quer o mal – nem sequer o permite –, mas que, colocando-se do nosso lado, luta incansavelmente contra ele; e que, como o pai da parábola do “filho pródigo” (Lc 15,11-32), não pensa em castigo, mas todo dia perscruta o caminho com o coração triste e cheio de esperança?!

Uma coisa é certa: não se pode falar do inferno como castigo de Deus e, menos ainda, como vingança. Caso contrário, Deus não passaria de um ser mesquinho, que pune a quem não lhe presta a devida honra; um juiz implacável, que persegue o culpado por toda a eternidade; um tirano injusto, que cria sem permissão, que não oferece alternativa senão servi-lo ou expor-se à sua ira, e que castiga falhas de criaturas fracas e limitadas com penas infinitas e eternas – numa palavra, um autêntico déspota, à imagem e semelhança do que de pior existe no ser humano…

O que é, então, o inferno para o Pe. Andrés? Uma frustração, ainda que limitada e parcial, do projeto de um Pai que «quer que todos os homens se salvem» (1Tm 2,4). Uma “dor” para Deus, por uma “perda” que acompanhará definitivamente as suas criaturas. Algo que ele “não pode” evitar, não por incapacidade própria, mas pelas limitações do ser humano, sobretudo em relação à liberdade. Uma liberdade que Deus quer e apoia como o bem mais precioso que doou a seus filhos, mas que, sendo finita, está exposta a falhas e ao fracasso moral.

Conjugando essas duas verdades – um Deus que tudo faz para salvar e uma liberdade que é inclinada ao mal –, e reinterpretando a doutrina da “restauração de todas as coisas em Cristo” assim como foi vista por Orígenes, Queiruga julga que Deus salva tudo quanto pode, tudo quanto a liberdade humana permite, até o menor resquício de bondade que existe na pessoa humana. Na ressurreição final, quando «Deus será tudo em todos» (1Cor 15,28), cada um de seus filhos participará da felicidade eterna, mas em grau diferente, de acordo com a sua capacidade, «assim como as estrelas se distinguem no brilho uma da outra» (1Cor 15,41).

Desta forma – explica o Pe. Andrés – «salvar-se-á o bem que está em cada um e se perderá, aniquilando-se, o mal». Talvez prevendo a reação de quem visse em sua argumentação a eliminação pura e simples do inferno – e, por isso, uma heresia –, ele lembra que a Igreja sempre contou com santos e teólogos que não pensaram diferente. Entre eles, Santo Ambrósio, para quem «a mesma pessoa em parte se salva e em parte se condena», e Hans Urs von Balthasar, que afirmava: «Cada pecador escutará ambas as palavras: “Afaste-se de mim para o fogo eterno!” e “Venha, bendito de meu Pai!”».

Em seu último livro “Repensar o Mal”, publicado em 2010, talvez para evitar mal-entendidos, Queiruga julgou necessário voltar ao assunto: «Esta interpretação do inferno constitui uma hipótese, que não pode pretender ser convincente para todos; contudo, ela se move dentro dos parâmetros de um legítimo pluralismo teológico».



O Concílio Vaticano II, uma história nunca escrita (IV): Dissolvendo Roma. Com Roma.

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Lançado em 2011 na Itália, a prestigiosa obra do Professor Roberto de Mattei, intitulada “O Concílio Vaticano II – Uma história nunca escrita”, chega agora ao público lusófono. A Editora Caminhos Romanos, detentora dos direitos sobre a versão portuguesa do laureado livro — Prêmio Acqui Storia 2011 e finalista do Pen Club Italia — , concedeu ao Fratres in Unum a exclusiva honra de divulgar alguns excertos deste trabalho –  um verdadeiro marco na historiografia do Concílio Vaticano II.

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Ernesto Buonaiuti, modernista excomungado em 1925, foi companheiro de seminário de Angelo Roncalli, tendo, inclusive, a honra de ser seu "padrinho", ao ser convidado para acompanhar o futuro Papa João XXIII na concelebração durante sua ordenação sacerdotal.

Ernesto Buonaiuti foi companheiro de seminário de Angelo Roncalli, tendo, inclusive, a honra de ser seu “padrinho”, ao ser convidado pelo futuro Papa João XXIII para acompanhá-lo na concelebração durante sua ordenação sacerdotal. Mesmo excomungado por modernismo em 1925, Buonaiuti declarou-se até a morte um “filho da Igreja”.

Em face da condenação da Pascendi, a atitude dos modernistas foi análoga à dos jansenistas na sequência da condenação das proposições de Jansénio e da bula Unigenitus, de 1713: negaram reconhecer-se nas proposições condenadas, afirmando que o modernismo condenado na encíclica era uma quimera [1].

Um testemunho “de dentro” é o do ex-beneditino francês Albert Houtin, que relata que o plano do modernismo previa que os inovadores não saíssem da Igreja, nem sequer no caso de perderem a fé, mas nela permanecessem o mais tempo possível a fim de propagarem as suas ideias [2]. “Era neste sentido que em 1903 se concordava em dizer, e que ainda em 1911 se escrevia,  que um modernista a sério, fosse leigo ou sacerdote, não podia abandonar a Igreja ou a batina, porque se o fizesse deixaria de ser modernista no sentido mais elevado do termo [3]”; “A par da Delenda Carthago, pretendia-se praticar a Dissovenda [4]”.

Até hoje”, explicava, por sua vez, Ernesto Buonaiuti, “pretendeu-se reformar Roma sem Roma ou talvez até contra Roma. Ora, é necessário reformar Roma com Roma; fazer com que a reforma passe pelas mãos daqueles que têm de ser reformados. É este o método verdadeiro e infalível; mas é difícil. Hic opus, hic labor [5]”. O modernismo propunha-se, pois, transformar o catolicismo a partir de dentro, deixando intacto, nos limites do possível, o invólucro exterior da Igreja. Prossegue Buonaiuti: “O culto exterior permanecerá para sempre, tal como a hierarquia; mas a Igreja, enquanto mestra dos sacramentos e da respectiva ordem, modificará a hierarquia e o culto de acordo com os tempos: aquela tornar-se-á mais simples, mais liberal, e este tornar-se-á mais espiritual. Por sua via, a Igreja transformar-se-á num protestantismo, mas será um protestantismo ortodoxo e gradual, e já não um protestantismo violento, agressivo, revolucionário, insubordinado; será um protestantismo que não destruirá a continuidade apostólica do ministério eclesiástico, nem a própria essência do culto.”

O Concílio Vaticano II – Uma história nunca escrita, Roberto de Mattei, Ed. Caminhos Romanos, 2012, p. 67.


[1] Buonaiuti aceita o paralelo e fala de “uma certa correspondência íntima que, num exame objetivo, faz aparecer estes dois movimentos como mais idealmente coligados do que poderia parecer à primeira vista” (E. Buonaiuti, Storia del cristianesimo, Dall’ Oglio, Milão, 1943, vol. III, p. 617).

[2] Cf. Albert Houstin (1867-1926), Historie du Modernisme catholique, in proprio, Paris, 1913, PP. 116-117.

[3] Ibid, p. 122

[4] Ibid, p. 116

[5] Cf. E. Buonaiuti, Il modernismo cattolico, Guanda, Modena, p 128.

* * *

Roberto de Mattei nasceu em Roma, em 1948. Formou-se em Ciências Políticas na Universidade La Sapienza. Atualmente, leciona História da Igreja e do Cristianismo na Universidade Europeia de Roma, no seu departamento de Ciências Históricas, de que é o director. Até 2011, foi vice-presidente do Conselho Nacional de Investigação de Itália, e entre 2002 e 2006, foi conselheiro do Governo italiano para questões internacionais. É membro dos Conselhos Diretivos do Instituto Histórico Italiana para a Idade Moderna e Contemporânea e da Sociedade Geográfica Italiana. É presidente da Fundação Lepanto, com sede em Roma, e dirige as revistas Radici Cristiane e Nova Historica e colabora com o Pontifício Comitê de Ciências Históricas. Em 2008, foi agraciado pelo Papa com a comenda da Ordem de São Gregório Magno, em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à Igreja.

Onde encontrar:

Em Portugal – Nas maiores livrarias do país. Em Lisboa, nas livrarias Fnac e Férin (próxima ao Chiado, centro histórico). Em Porto, pelos telefones 936364150 e 911984862.

No Brasil -- Nas livrarias Loyola, da rua Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo, e Lumen Christi, do Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro. Pela internet, na Livraria Petrus e Editora Ecclesiae.

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Artigos da série:


Tradição, vida e morte.

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Por Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa

Mata-pau.

Mata-pau.

Sabe-se que a chamada filosofia vitalista do princípio do século XX (Bergson e Blondel), apresentando-se como uma reação a erros filosóficos então predominantes, exerceu uma notável influência sobre o pensamento católico. Contra uma concepção mecanicista e racionalista própria do positivismo e do neo-kantismo que pretendia esquematizar toda a realidade, a filosofia da vida insurgiu-se fazendo ver como era superficial semelhante pensamento que se atinha apenas ao elemento exterior, ao espaço, à extensão, e, por isso mesmo, incapaz de compreender o mundo em toda sua riqueza de vida e dinamismo. O vitalismo apresentava-se como um pensamento espiritualista que valorizava a vida interior do homem, salvaguardava sua liberdade e afirmava a sua consciência capaz de inovação criadora. As belas reflexões de Bergson sobre o mistério do tempo marcaram profundamente a grande obra literária do século passado “À la recherche du temps perdu” de Marcel Proust (Cf. Edmund Wilson, O castelo de Axel, Cultrix, São Paulo).

Contudo, a filosofia vitalista tinha um grave erro: ao mesmo tempo que valorizava a vida, não a explicava e tampouco esclarecia o seu verdadeiro sentido. Interpretava o ser como impulso vital e dizia que a vida não pode ser captada pela inteligência mas por uma suposta intuição. E o pior é que tal intuição é um conceito tão obscuro quanto a intuição da fenomenologia. A filosofia vitalista, pode-se dizer, limitava-se a dizer que a vida flui, que nela nada se perde, mas, ao contrário, nela agregam-se novas aquisições. De maneira que a inteligência só aprisiona a realidade em esquemas uniformes, fixos, mas não a conhece. Só os conceitos “fluidos” que acompanham o rio da vida são capazes de conhecê-la. Esses conceitos fluidos seriam as intuições. (Cf. Hirschberger, Historia de la filosofia, Barcelona, 1956)

Pois bem, a falta de precisão do conceito de vida (que não pode ser objeto do entendimento, ressalte-se) induziu os principais representantes do vitalismo a graves equívocos. Por exemplo, Bergson chegou a conceber Deus como um ser em devir. Blondel, por sua vez, em sua filosofia da ação, entende a ação como a vida do espírito em sua fonte e na totalidade do seu desenvolvimento. Diz que não há no mundo nenhum momento de pausa, porque nada no mundo é perfeito. O espírito nunca se adequa a uma realidade, mas sempre aspira a algo superior. Por conseguinte, cai por terra a noção de verdade elaborada pela metafísica tomista: adaequatio intellectus et rei.

Na primeira parte da Suma Teológica, Santo Tomás formula algumas questões importantes sobre a vida de Deus. As soluções do Santo Doutor refutam cabalmente os erros da filosofia vitalista. No artigo 1º da q. 18 pergunta se todas as coisas naturais vivem ou não vivem e assinala as diferenças entre os seres vivos e brutos. As razões aduzidas por Santo Tomás são muito úteis porque em nossos dias os modernistas gostam de relacionar os conceitos de vida e de tradição. O papa João Paulo II, no motu proprio Ecclesia Dei Adflicta, disse que o suposto gesto cismático de Mons. Marcel Lefèbvre (as consagrações episcopais sem mandato pontifício mas em virtude do estado de necessidade) se devia a uma incompleta noção de tradição que não leva em conta o caráter “vivo” da tradição.

É claro que João Paulo II aplicava à tradição a noção de vida em sentido analógico. Não entendia a tradição como aninal ou vegetal, mas como um conjunto de verdades ou como um tesouro que se enriquece e cresce com o passar das gerações sob a custódia da Igreja. De qualquer modo, cumpre examinar, à luz da doutrina de Santo Tomás, como se dá o processo vital.

No referido artigo diz que a vida se manifesta quando o animal tem movimento ex se, mas, ao contrário, quando o animal já não tem movimento ex se, mas é movido por outro, então se diz que o animal está morto. Em seguida, no artigo 2º, pergunta se a vida é ação – essa questão é importantíssima para compreender e refutar o erro do modernista Maurice Blondel – e responde, com base em Aristóteles, dizendo que o viver é o ser dos vivos. E afirmando o valor do conhecimento intelectivo do homem que alcança a essência da coisa como seu objeto próprio a partir dos sentidos que apreendem as aparências exteriores, Santo Tomás explica que geralmente, a partir das aparências exteriores, se impõem às coisas nomes que expressam sua essência. Mas às vezes os nomes derivam das propriedades em função das quais se impõem. Assim, por exemplo, o nome corpo é imposto para designar um gênero de substâncias em que se encontram três dimensões. Quanto à vida, diz Santo Tomás, o nome é tomado das aparências exteriores em vista da própria coisa que se move a si mesma; entretanto, o nome não é imposto para significar o movimento e sim a substância à qual convém em sua natureza mover-se a si própria ou agir de algum modo. Portanto, ser vivo não é predicado acidental, mas substancial. Esclarece que com menos propriedade se toma o vocábulo vida a partir das operações vitais. E cita Aristóteles, para o qual a vida é principalmente intelligere.

Ora, a filosofia vitalista é uma filosofia que rebaixa a inteligência, despreza a razão, a qual considera uma força destruidora. De modo que é lícito realmente questionar se a tal filosofia convém o nome de filosofia da vida, uma vez que a vida é sobretudo intelligere. Que vida do espírito é a ação do sr. Blondel? Uma ação que é mais frustração do que plenitude, porquanto a realidade das coisas sempre lhe escapa.

Finalmente, quanto à relação estabelecida pelos modernistas entre os conceitos de tradição e vida, importa dizer que, à luz da sã teologia de Santo Tomás, resulta muito dificultoso para os sequazes da nova teologia provar que efetivamente os desdobramentos, acréscimos e “enriquecimentos” doutrinários verificados na Igreja sobretudo a partir do Vaticano II derivam de um processo vital de uma Igreja que se move a si mesma alicerçada em seus próprios fundamentos.Examinadas as raízes ideológicas de tais inovações pos-conciliares, percebe-se que se trata de um movimento de origem estranha à Igreja. Com efeito, a reforma litúrgica, o ecumenismo, a liberdade religiosa, a abertura ao mundo moderno são inovações que se impuseram de fora à Igreja. Isto é próprio de ser um morto. Na hipótese, porém, de se tratar de um processo vital, a imagem mais adequada para explicá-lo seria a do “mata-pau”.

Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa
Anápolis, 27 de dezembro de 2012
Festa de São João Evangelista


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